Projetar significa lançar longe, arremessar, arrojar, e implica sempre na idéia de prolongamento de alguma coisa. Em educação, significaria ensinar/aprender segundo determinado plano, com o objetivo de realizar um intento e alcançar um resultado no término de um processo.
Todo objetivo, em educação, é pedagógico e político, pois educar significa provocar mudanças no educando. Como todo educando é um cidadão, participante de uma sociedade, conseqüentemente educar é provocar mudanças na sociedade na qual ele é personagem atuante.
Trabalhar por projeto é lembrar-se sempre dessas duas opções e traçar objetivos segundo nossas intenções de manter ou de mudar o estado das coisas, a postura das pessoas, o teor das relações sociais – em outras palavras, é definir os valores que orientarão a concepção, o planejamento, a execução e os resultados finais do projeto a ser desenvolvido.
Trabalhar por projeto é ter sempre em mente o objetivo que se quer atingir e agir de tal forma que cada dia, tema tratado, aula, atividade dentro ou fora da sala sejam um passo a mais em direção ao objetivo lançado para um futuro mais ou menos distante. Enfim: cada passo tece um caminho que, mais cedo ou mais tarde, conduzirá àquele ponto em que, em um sonho arrojado, foi visualizado lá adiante, em algum lugar do futuro.
O planejamento de um projeto de ensino-aprendizagem não deve ser de competência apenas de quem pretende ensinar, mas deve ser discutido com quem deseja aprender, que também deve ser
autor se tal processo for realmente educativo. É importante que um e outro ajam de modo que as
atividades sejam planejadas e vividas sob a inspiração dos objetivos, metas e resultados finais
projetados e que as avaliações sejam feitas também por outros, possibilitando ajustes no trajeto e
sucesso no final.
Dessa forma, o roteiro de um projeto se compõe de míni-roteiros que se interligam como
segmentos de uma mesma linha ou mesmo fio condutor: são os míni-projetos (desenvolvidos em
uma ou algumas aulas) ou micro-projetos, realizados com uma ou mais atividades presenciais ou
não-presenciais, os estudos individuais ou as discussões em grupo.
Em outras palavras, dentro de um grande projeto, trabalha-se em projetos o tempo todo: nas aulas-projeto, nas atividades-projeto e nas avaliações do projeto (diagnósticas, de controle e de resultado final).
Trabalhar por projeto requer associações, parcerias, cooperação e compartilhamentos, mas
também autonomia, iniciativa, automotivação e protagonismo.
As experiências desenvolvidas em projeto educacional têm demonstrado que ele só é efetivo se for compartilhado, do começo ao fim, da concepção à execução e à avaliação, por todos aos quais ele diz respeito diretamente (os professores e alunos), indiretamente (a comunidade escolar) e, se o projeto envolver ações de intervenção na realidade social, à comunidade local ou até mesmo outras.
Raquel Fonseca e Adriana Vicioli - professoras responsáveis do projeto Odisseia do Saber
Nenhum comentário:
Postar um comentário